Alecrim contra os radicais- livres

Além de um ótimo tempero culinário, a erva tem poderes antioxidantes que ajudam a reduzir os radicais livres e prevenir doenças
Laura Lopes
Já se sabia que o alecrim, erva muito usada na gastronomia – vai bem com vários tipos de carne, molhos, sopas, legumes e pães –, agia como um estimulante. Agora, uma pesquisa da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo comprovou que, além de dar mais energia, o tempero combate os radicais-livres e ajuda as pessoas a viver mais.
A erva, já famosa por ser um ótimo estimulante, também tem poderes antioxidantes
A nutricionista Ana Mara de Oliveira e Silva verificou propriedades antioxidantes em seus experimentos em laboratório e com cobaias. Até então, nenhuma outra pesquisa na literatura científica havia comprovado o efeito em animais.
Ana Mara escolheu ratos diabéticos e os tratou com extrato aquoso de alecrim. O diabetes é uma das doenças que leva o organismo a um estresse oxidativo – quando a quantidade de oxidantes é maior que a de antioxidantes. O mesmo acontece com quem tem problemas cardiovasculares, câncer ou sofre processos inflamatórios. Os oxidantes, conhecidos popularmente como radicais-livres, são responsáveis por lesionar as células, gerando, em alguns casos, a sua morte.
Os ratos foram tratados durante 60 dias. Os que receberam 50 miligramas de alecrim diários por quilo corporal (se um rato pesa cerca de 250 gramas, ele ingeriu 12,5 mg/dia) tiveram melhoras tanto no nível de glicose do sangue quanto na diminuição dos radicais-livres. “Também caiu a quantidade de triglicérides e o mau colesterol, ajudando a prevenir problemas cardiovasculares”, afirma a pesquisadora. Pacientes diabéticos também costumam sofrer de insuficiência renal por beberem muita água. O alecrim ajudou a manter o bom funcionamento dos rins. Para um adulto de 80 quilos, por exemplo, o indicado seria 4 gramas por dia, in natura ou como tempero (a conta é a mesma: 50mg para cada quilo corporal).
Antioxidante demais prejudicaAna Mara também provou que o organismo dos ratos se comportou de forma inesperada ao receber uma dose de 100mg/kg. “O consumo excessivo de um antioxidante pode ter efeito tóxico. O corpo reage como se ele fosse uma droga”, explica.
O segredo do alecrim são os ácidos fenólicos presentes em sua folhinha. A substância é um poderoso antioxidante natural e pertence a uma grande família chamada compostos fenólicos, presentes também em especiarias, como erva-doce, orégano e noz moscada, no chá verde, na uva e em frutas de pigmento vermelho e amarelo. “As especiarias são uma importante fonte desses compostos. É importante saber que elas têm mais propriedades do que apenas dar sabor e aroma aos alimentos” , diz a nutricionista.
O resultado da pesquisa também contribui para a utilização desses ácidos fenólicos no lugar de conservantes sintéticos. Seu poder antioxidante pode aumentar o tempo de prateleira (a validade) de congelados e alimentos gordurosos sem a necessidade do uso de substâncias sintéticas, como o BHT (butilhidroxitolueno).

Comentários

Postagens mais visitadas