Elis Regina nos deixou há 27 anos

Dia 19 de janeiro de 1982, o Brasil amanheceu triste. Morria sua maior cantora aos jovens 36 anos. Em 2007 a TV Globo lembrou o país da Elis com o belo especial “Por toda a minha vida”, que, no entanto, suavizou sua morte.
Naquela noite, os amigos mais íntimos sabiam, Elis misturou Cocaína, tranqüilizantes com Whisky, o que se transformou num coquetel mortal para seu coração. Os motivos foram uma depressão profunda por que passava e que por muitas vezes assombra a vida das celebridades. Elis era também uma figura política que não tinha medo de criticar o governo ditatorial brasileiro dos anos 70. Participou ativamente do movimento da anistia aos políticos exilados brasileiros; era sempre polêmica.Sua amiga pessoal, a Jornalista e produtora de eventos Helô Machado, na época editora-chefe da Folha Ilustrada do jornal paulistano Folha de São Paulo, lembra para Flash o dia da morte de Elis: "- Diante do caixão, relembrei meus momentos únicos com Elis: ela, aflita na porta da minha casa, pedindo que eu amamentasse seu filho João Marcello Bôscoli (o outro é Pedro Camargo Mariano, irmão de Maria Rita) - ele era alérgico a todo tipo de leite e a ama-de-leite que ela havia contratado não conseguira pegar a ponte aérea.
Eu tinha acabado de ter meu primeiro filho Felipe e, felicíssima, pude atender ao pedido da minha ídola, que se hospedava sempre (para minha alegria) na casa de meu vizinho, o ator Alberto Ruschel.
Lembrei também dos nossos cabelos vermelhos e curtinhos à moda de Elis, raspados no (barbeiro) Ringo, do Shopping Iguatemi, e das nossas gargalhadas quando Elis cantava Amante à Moda Antiga, em seu último espetáculo,Trem Azul, de Fernando Faro. Era o ano de 1981.
No camarim, antes do show, ela substituía o " T " pelo " P" no verso “...apesar do velho Tênis e da calça desbotada...” e a gente morria de rir.
E lá estava eu, olhando Elis morta, tão pequenininha, meio que sorrindo, com a garganta cortada pela autópsia e a camiseta proibida da bandeira do Brasil, com Elis Regina no lugar de Ordem e Progresso. Alguém do meu lado me abraçou, tentando me confortar. Era Belchior. Saí, chorando ainda mais: me lembrei que Belchior terminou de compor Como Nossos Pais, num jantar que demos em casa... Elis amou tanto a música que não via a hora de gravá-la. Tudo isso faz tanto tempo... outro tempão que não encontro Belchior. Quanta coisa aconteceu, surgiu, desapareceu, mudou. Como o tempo passou depressa. Faz tanto tempo e parece que foi ontem. Parece que Elis se foi para sempre e que não partiu nunca. Choro até hoje quando vejo Elis na TV, mas mesmo assim gosto de vê-la. Ouvir Elis é sempre uma grande felicidade. Dependendo da música, canto com ela. Ou, para falar a verdade... dou uma choradinha."
( A esquerda)Em Paris com o cantor e galã da época Sacha Distel (morto em 2002): admiração mútua e destaque nas TVs da Europa, divulgando a canção brasileira, junto a Eliana Pittman, Rosemary, Penha Maria e outras.(A direita )Duas grandes saudades brasileiras e dois grandes amigos pessoais: Elis Regina e Tom Jobim ( A esquerda)-No Show de talentos coletivos Phono 1973, diante da platéia fria e negativa em relação a Elis (na única e estranha vez em toda sua carreira musical que isso aconteceu), Caetano Veloso voltou ao palco e pediu " - Repeitem a maior Cantora desta terra". Elis teve um ataque de nervos e mal humor durante dois meses.. (A direita)No famoso Beco das Garrafas no Rio de Janeiro, na Boate Bottles Elis começava a ganhar o apelido de Pimentinha, que teve até o fim da sua breve vida artística. (A esquerda)-O Festival Internacional da Canção FIC no Rio em 1971 marcou a década e trouxe celebridades como Shirley Bassey ( dir) e levou Elis ao estrelato europeu e reconhecimento internacional, apesar de não gostar muito de fazer turnês fora do país.O disco nacional mais vendido na década de 70 trazia alguns de sucessos inesquecíveis como: Madalena, Romaria, O Bâbado e a equilibrista, Arrastão, Casa no campo, Fascinação, Maria Maria, Cartomante, Corcovado, Águas de março, Alô Alô marciano, Chega de Saudade, Canção da América, Travessia, Me deixas Louca, Aviso aos navegantes, Folhas secas, Iracema, Aquele Abraço, Como nossos pais, Louvação, Meio de Campo, O Compositor Me Disse, Gracias a la vida, Oriente, Rebento, Roda, Se Eu Quiser Falar Com Deus, Viramundo, Vou deitar e rolar... Sem maquiagem e autêntica em 1981, pouco antes de sua morte: Desde a os anos 1960, quando surgiram os especiais do Festival de Música Popular Brasileira na TV Record, até o final da vida de Elis, a televisão brasileira foi marcada por este seu perfil e por sua imagem. O sucesso dos espetáculos transmitidos; apresentando Elias ao lado de novos talentos, registravam índices recordes de audiência. Um dos momentos marcantes foi o especial Mulher 80 (TV Globo.
(A direita) Em 1981 com os filhos João Pedro e Maria Rita, que hoje repete parte do sucesso da mãe
( A esquerda)-Com o grande compositor Edu Lobo em 1970: parceria e longa amizade; e o look do cabelo curtinho que virou mania nacional naqules anos.(A direita)Porto Alegre, março de 1945:A primeira imagem de Elis, que hoje teria ainda 64 anos.
(A esquerda No camarim do Teatro Bandeirantes (onde em 1975 o show Falso Brilhante foi um imenso sucesso.(A Direita)-Elis e o compositor Roberto Menescal em 1978: amiga e parceira dos grandes nomes da MPB.
Durante esta década Elis aprimorou constantemente sua técnica e domínio vocal, registrando em discos de grande qualidade artística, parte do melhor da sua geração de músicos.( A esquerda)-A partir de 1967 o saudoso dançarino e coreógrafo Lennie Dale foi responsável pelo seu grande domínio em cena e gosto pelas performances grandiosas como em Falso Brilhante (1975) e Trem Azul (1981) que marcaram época; (A direita)- O casamento com Ronaldo Bôscoli em 1967, com a histórico vestido de Dener (esq.) e ao lado de Laurinha Figueiredo (sra Abelardo Figueiredo) e apresença da sociedade paulistana: Elis, apesar de suas opiniões radicais, também gostava do glamour.

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