Documentário !Quebradeira", de Evaldo Mocarzel é exibido na terceira noite da Mostra Competitiva em Brasília

Mais uma vez a platéia do Cine Brasília ficou lotada na noite de sexta-feira para conferir a terceira rodada de exibições da Mostra Competitiva 35mm do 42º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro.

O curta-metragem do Distrito Federal, “Dias de Greve”, dirigido por Adirley Queirós, abriu a noite mostrando uma greve de serralheiros que é deflagrada em uma cidade da periferia do DF. Durante os dias em que ficaram sem trabalhar, os grevistas redescobrem uma cidade e um tempo que não lhes pertencem mais, além de um despertar para uma consciência de classe. “Nós vamos realizar uma sessão na Ceilândia, dia 23 (segunda-feira) projetando o filme em uma parede como forma de protesto, pois é inacreditável uma cidade com 600 mil habitantes não ter uma sala de cinema”, disse o diretor do curta antes da exibição do filme. A produção também concorre ao Troféu Câmara Legislativa do Distrito Federal.

Em seguida, um registro poético do imaginário popular do Sertão é exibido no Cine Brasília. O curta “Ave Maria ou Mãe dos Sertanejos”, de Camilo Cavalcante, mostra a vida da população que mora no sertão e espera tocar na rádio, todos os dias às 18 horas, a oração de Ave Maria interpretada por Luis Gonzaga. “Não é um filme sobre o sertão, mas sim com o sertão. Por isso, considero essa produção como um filme de dentro para fora”, disse o diretor no palco do Cine Brasília.

Para finalizar a terceira noite da Mostra Competitiva 35mm, o documentário “Quebradeiras”, de Evaldo Mocarzel, retrata a vida das mulheres quebradeiras de coco babaçu da região do Bico do Papagaio, onde os Estados do Maranhão, Tocantins e Pará têm fronteiras. “Esse longa é diferente de tudo o que eu já produzi. É a quarta vez que estou participando do Festival de Brasília e posso dizer que esse filme é um divisor de águas na minha vida”, disse Evaldo antes da exibição. Sobre o documentário, o diretor acrescentou que “é recheado de vários dogmas. Um deles é a ausência de diálogos. No filme a palavra não é falada, mas sim cantada. O segundo é o enquadramento arquitetado. Em nenhum momento utilizamos câmera nas mãos, por isso todos os takes foram muito bem estudados. E por último a trilha sonora. É a primeira vez que utilizo esse recurso em uma produção”. Dona Querubina, uma das quebradeiras que esteve presente na noite de ontem, disse que está muito feliz pelo filme e ainda acrescentou que sua função “é um trabalho como outro qualquer. É geração de renda e, acima de tudo, tradição”.

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