Débora Falabella estréia no Teatro TUCA em São Paulo


O amor e outros estranhos rumores
(3 histórias de Murilo Rubião)

Grupo 3 de Teatro monta principal escritor brasileiro
dedicado exclusivamente ao gênero fantástico

Débora Falabella com o Contabilista Pedro Inácio (foto Rodrigo Hypolitho)
     
Estréia em 16 de outubro, sábado, no Teatro TUCA com Débora Falabella, Rodolfo Vaz Maurício de Barros e Priscila Jorge,
dirigidos por Yara de Novaes

Ao completar seus cinco anos de atividades na cena brasileira, o Grupo 3 de Teatro traz para o palco a originalidade, o humor e o fantástico que marcam a obra do escritor mineiro Murilo Rubião, autor dos três contos, adaptados porSilvia Gomez, que compõem o espetáculo O amor e outros estranhos rumores, dirigido por Yara de Novaes, estrelado por Débora FalabellaMaurício de BarrosRodolfo Vaz (do Grupo Galpão, convidado especialmente para esse trabalho) e Priscila Jorge, que estréia em 16 de outubro, sábado, 21h30, noTeatro TUCA (Rua Monte Alegre, 1024 – Perdizes – tel.: 11. 2626-0938).

Mestre brasileiro do realismo fantástico, Murilo Rubião (1916-1991) teve três contos selecionados para essa encenação: O Contabilista Pedro Inácio, cujo personagem contabiliza os custos de um amor; Bárbara, em que um marido resignado se vê diante dos pedidos incessantes e nada comuns da esposa, que engorda a cada desejo satisfeito; e (Três nomes para) Godofredo, uma interpretação aguda sobre o casamento e a solidão. Risíveis e absurdas, essas histórias compõem um espetáculo que busca expressar o quanto há de ordinário e, ao mesmo tempo, extraordinário em nossas vidas.

A obra de Murilo Rubião permaneceu praticamente desconhecida para o grande público durante mais de três décadas. A reedição do seu livro de contos O Pirotécnico Zacarias, em 1974, o tiraria do esquecimento, transformando-o praticamente em um best-seller nacional, admirado pelos leitores e por intelectuais do porte de Mário de Andrade que, em 1943, escreveu “o mais estranho é o seu dom forte de impor o caso irreal. O mesmo dom de um Kafka: a gente não se preocupa mais, é preso pelo conto, vai lendo e aceitando o irreal como se fosse real, sem nenhuma reação mais”.

Na equipe de criação do espetáculo, André Cortez é o cenógrafo, Morris Picciotto compôs a trilha sonora, a iluminação é de Fabio Retti e Fábio Namatame assina figurinos e visagismo. A adaptação ficou a cargo de Silvia Gomez, autora de O Céu Cinco Minutos Antes da Tempestade. A direção de produção é de Gabriel Fontes Paiva.

Cinco anos do Grupo 3 de Teatro

Essa é a terceira montagem do Grupo 3 de Teatro que em setembro de 2005, estreava A Serpente, na Casa de Cultura Laura Alvim, em Ipanema. Formado por Débora Falabella, Gabriel Paiva e Yara de Novaes, mineiros radicados em São Paulo , que davam continuidade ao trabalho feito em Belo Horizonte , desde 1999. A Serpente está atualmente em turnê pelo Nordeste. O cenário dessa montagem foi agraciado com o prêmio Shell (2005) e foi um dos representes do Brasil Quadrienal de Praga (2007). 

Além dos três fundadores, o Grupo possui uma equipe fixa de criadores que vem desenvolvendo um trabalho sistemático e contínuo cujo resultado é uma estética própria, inovadora e reconhecida. Em 2007, o Grupo produziu O Continente Negro, considerado um dos melhores espetáculos do ano: texto do chileno Marco Antonio de La Parra , dirigido por Aderbal-Freire Filho e estrelado por Débora, Yara e Ângelo Antônio. Em 2009, o grupo publicou a tradução do texto com fotos e criticas do espetáculo, na ocasião de estréia da temporada carioca.

Em 2008, apresentou no SESC Pompéia a Mostra Contemporânea de Arte Mineira que contemplou mais de 300 artistas em uma semana repleta de atrações entre teatro, música e ritos feitos em Minas.

Foi justamente durante a Mostra Contemporânea de Arte Mineira que o universo mágico, estranho e mineiro de Rubião, se tornou realidade e imprescindível para o Grupo 3. Com ele e através dele o Grupo decidiu avançar em uma linguagem particular, tendo a literatura como ponto de partida para o exercício teatral. Uma literatura de excelência e vocacionada para a cena. A leitura e o estudo dos 33 contos de Murilo Rubião seriam, então, propositores de uma pesquisa em que todos os elementos da cena entrariam em consórcio para a criação de uma nova obra.

Exposição Murilo Rubião

O Grupo 3 de Teatro que tradicionalmente amplia suas ações de pesquisa por meio de oficinas, work in progress e publicações, apresentará em forma de exposição o universo de Murilo Rubião. No saguão do Teatro TUCA, o publico aguardará o início do espetáculo participando de uma exposição interativa com expografia de André Cortez, que assinou as comentadas exposições no Museu da Língua Portuguesa: “Gilberto Freire interprete do Brasil” e “O Francês no Brasil em todos os sentidos”.

Murilo Rubião foi o primeiro escritor brasileiro que escolheu o gênero fantástico como caminho inequívoco de criação. Sua obra ficou por muito tempo descolada do grande público e, até hoje, apesar de muito estudada nos meios acadêmicos, tem menos leitores do que merece.

Assim como os leitores que aceitam o insólito com naturalidade, suas personagens também convivem com as circunstâncias absurdas sem grande atordoamento. O absurdo nada mais é que a própria existência condenando os homens a um cotidiano destruidor, onde o desejo não cessa, mas também nunca é satisfeito. A exemplo do mítico Sísifo, não há salvação e, pior do que no mito, não há esperança.

Apesar de lidar com temas muito inverossímeis, em que o tempo-espaço se inverte, as metamorfoses acontecem, o sonho invade a realidade, os animais se humanizam e os homens se coisificam, Rubião escreve com simplicidade e clareza, numa quase contradição entre o que é narrado e como é narrado. Sua obsessão pelo texto direto e claro levou-a a reescrever e reescrever suas histórias até o fim da vida.

Os contos e o espetáculo, pela diretora Yara de Novaes

Os três contos – Memórias do Contabilista Pedro InácioOs Três nomes de Godofredo e Bárbara – tem em comum a questão do amor.

No primeiro, o amor contabilizado como uma lista de Excel, o protagonista diz “Jandira me custou tantas cartelas de aspirina e tantas passagens de bonde, me saiu por tantos contos de reis”. Um homem que está sempre contabilizando seus ganhos e perdas no amor que nunca se realiza, que não satisfaz. No segundo, um homem meio Barba Azul, colecionador de esposas que vai matando, em busca de uma felicidade/um amor perdidos na memória. No terceiro, o amor de um marido pela esposa alienada num universo próprio e narcísico, insaciável, a esposa que não o vê senão como fonte de satisfação material.

De qualquer maneira, são três formas de amor sem sucesso, fadadas desde o início de cada conto ao fracasso e à infelicidade, temas próprios de Rubião. 

Além desse link do amor também queríamos criar elementos de ligação, uma conexão entre esses personagens e por isso um prólogo e um elemento absurdo – alguém com cabeça de coelho – como personagem entre as cenas, como construtor e mediador da cena. Essa estranheza de um coelho, algo parecido com o que David Lynch fez no filme Império dos Sonhos, surgiu de um quarto conto de Rubião Teleco, o coelhinho. E ele sugere esse absurdo, o que não se pergunta e o que não se responde, tônica do autor que tentamos materializar.

A cenografia também se fez inspirada na lógica mágica que o autor desenvolve em seus contos. A repetição e a tendência ao infinito, quase como uma condenação sofrida pelas personagens foi o nosso motivo maior. Assim, junto como cenógrafo André Cortez e o iluminador Fabio Retti, escolhemos um espaço que se fecha e se abre progressivamente, e repetidamente, podendo se fechar novamente, num movimento circular, passando por uma simulação de um corredor encontrado nos caminhos que Murilo imprime na sua obra.

Conhecer um pouco mais da vida e das idéias de Murilo Rubião, através das entrevistas que lemos, nos fez ter a certeza de que várias de suas personagens são quase simulacros do próprio escritor. Isso nos deu uma pista muito interessante para a composição dos figurinos e da maquiagem: Pedro Inácio, Godofredo e o Marido de B. seriam feitos do mesmo barro, teriam a mesma linhagem do contista. Terno, bigode, óculos e certo ar dos anos 50. Mas precisávamos dar a eles uma camada mais alegórica. Foi assim que chegamos ao imaginário delirante das cidades retratado por George Grosz em seus quadros e aos retratos de Modigliani, com suas figuras humanas monótonas e rígidas, com uma “expressão de muda aceitação da vida”, nas palavras do próprio pintor. Fabio Namatame também cunhou as roupas femininas com o mesmo raciocínio de correspondência entre realidade e alegoria.

O universo muriliano, apesar da precisão e clareza do texto, é essencialmente imagético. Entretanto, essa figuração, como nas artes plásticas, é desprovida de compromisso com a realidade que vemos. Inicialmente, o músico e parceiro Morris Picciotto sugeriu que tudo ocorresse em silêncio, só com as falas. Porém, na cena, a música e a intervenção sonora revelaram-se essenciais na criação de parte dessas "imagens visuais", apoiando a elaboração do universo fantástico. Stravinsky, Varese, Sex Pistols com sua iconoclastia, os sons da natureza e do nosso cotidiano serviram de referência e a sonoridade acabou ganhando status de personagem.

A composição das personagens foi um trabalho de grande detalhamento. Os atores vão da narração ao dramático sem nenhum apoio ou degrau. O discurso direto e o indireto compõem a natureza das falas das personagens criando níveis diferentes de significação, mas convivendo naturalmente. Isso exige um raciocínio que abandone a lógica naturalista e os psicologismos próprios dela. A metamorfose se dá no discurso, no corpo, na relação com os objetos, com todas as circunstâncias que ajudam a compor o universo onírico. O ator precisa ter inteligência cênica para saber que sua personagem está em todas as coisas que existem no palco. Débora Falabella, Mauricio de Barros, Priscila Jorge e Rodolfo Vaz fazem isso com grande talento e, parafraseando Mario de Andrade, têm o dom forte de impor o caso irreal.

SERVIÇO

Estréia: 16 de outubro de 2010, sábado, 21h30

Local: Teatro TUCA (Rua Monte Alegre, 1024 – Perdizes – tel.: (11.2626-0938)

Horários: sextas e sábados, às 21h30 - domingos, às 19h

Temporada: até 28 de novembro

Gênero: realismo fantástico

Duração: 70 minutos

Classificação etária: 12 anos

Lotação: 672 lugares

Preços: R$ 30,00 e R$ 15,00 (meia)

Bilheteria do TUCA: de terça a domingo, das 15h às 20h. Aceita somente dinheiro, cheque e cartões de débito Visa, Mastercard e Redeshop 

Ingressos pela internet e telefone: www.compreingressos.com ou 11.2626-0938
Horário de funcionamento do call center: todos os dias das 9h às 21h. Aceita todos os cartões de crédito.

Acesso para portadores de necessidades especiais - Ar Condicionado - Café

Estacionamento conveniado a R$10,00 com apresentação do ingresso: Rit - Rua Monte Alegre, 835. Serviço de valet no sábado e domingo no TUCA. Valor R$ 15,00

Patrocínio: Eletrobrás

Assessoria de Imprensa:Manoel Carlos Jr. - manecojr@uol.com.br
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Comentários

Anônimo disse…
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