A ENCÍCLICA Ecológica de FRANCISCO: por uma nova economia mundial.
Este artigo visa salientar a importância da Encíclica ecológica de Francescobem como seu apelo por uma nova economia que não esgote nossa MãeTerra, Casa Comum da humanidade.
*Prof. Dr. Valmor Bolan
*Prof. Dr. Valmor Bolan
O papa Francisco acaba de fazer sua
viagem à América Latina, e mais uma vez mostra que é uma liderança mundial,
capaz de ser entendido pelas pessoas simples, do dia-a-dia, pelo povo, pelos
mais pobres e humildes, a quem ele dedica seu pontificado, a exemplo de São
Francisco de Assis, patrono dos pobres. Sua atitude corajosa, num tempo de
tanto pragmatismo e tecnicismo, e também muito farisaísmo, acaba gerando
algumas incompreensões, especialmente em católicos ultraconservadores.
Mesmo
assim, Francisco prossegue com sua missão, aproximando-se inclusive de muitos
movimentos populares, acusado até de ser comunista por isso. Mas o fato é que
Francisco quer estar perto de todos, dialogar com todos, para levar a mensagem
cristã a todos e não fazer da Igreja um gueto.
Do mesmo modo fez quando se dirigiu
também aos não católicos, em sua recente encíclica Laudato Si, em que tratou do
tema ecológico, aprofundando temas que fogem da esfera religiosa, e focando em
questões ambientais e sociais que considera importante nos dias de hoje, a
partir da doutrina social da Igreja. A questão ambiental já havia sido tratada
anteriormente em alguns pronunciamentos e documentos de S. João Paulo II e
Bento XVI, mas não com a força de uma encíclica.
O próprio papa deixa claro que
há divergências de opiniões sobre as possíveis soluções aos problemas
existentes, especialmente no campo científico. Mas que a Igreja deve estar
aberta a ouvir a todos e se somar àqueles que querem a preservação da natureza,
porque cabe ao homem a responsabilidade de cuidar da criação. Do ponto de vista
doutrinal, a encíclica faz uma maravilhosa apresentação da teologia da Criação,
com toda a beleza da obra de Deus e do chamado do homem à sua responsabilidade,
com a ética do cuidado, que se faz necessário.
Apesar de algumas preocupações
em relação à mesma pauta hoje de interesse da ONU, o papa deixou clara posição
da Igreja em relação à condenação do aborto, ao controle populacional
coercitivo e tudo mais, expondo a posição da Igreja, naquilo que distingue do
que defendem as agências da ONU. Mas no modo de ver do papa Francisco, é
possível avançar com as propostas de bem comum, com atores globais,
distinguindo o que a Igreja defende, de acordo com os princípios da doutrina
social da Igreja.
Cabem à leitura atenta desse importante
documento, pertencente hoje ao Magistério da Igreja, que aborda também questões
relevantes de bioética, de modo especial à crítica que o papa faz ao
"paradigma tecnocrático", à cultura do descarte, ao consumismo e
mesmo aos abusos do capitalismo, do individualismo, do hedonismo e a todas as forças
culturais, políticas e econômicas que, muitas vezes, provocam desequilíbrios
humanos, sociais e ambientais.
A encíclica traz, portanto uma reflexão
oportuna, em nosso tempo, com coragem e voz profética, a se somar a outras
vozes do mundo em defesa da "casa comum", da "Mãe Terra",
da obra da Criação, que requer também de nós participação responsável em sua
preservação.
A Igreja se sente assim cumpridora de sua missão, de apelar pelo
bem da vida, em todos os seus aspectos, e o cuidado da natureza também faz
parte das "virtudes" que o papa chama a cada um ter, para uma
necessária "conversão ecológica", para o bem de todos.
*Valmor
Bolan é Doutor em Sociologia e Especialista em Gestão Universitária pelo IGLU
(Instituto de Gestão e Liderança Interamericano) da OUI (Organização
Universitária Interamericana) com sede em Montreal, Canadá e Representa o
Ensino Superior Particular na Comissão Nacional de Acompanhamento e Controle
Social do Programa Universidade para Todos do MEC.”.
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